Da minha janela
Florbela Espanca
Mar alto! Ondas quebradas e vencidas
Num soluçar aflito e murmurando...
Ovo de gaivotas, leve e imaculado,
Como neves nos píncaros nascida...
Sol! Aves a tombar, asas já feridas...
Batendo ainda num arfar pausado...
Ó meu doce poente torturado
Rezo-te em mim,chorando, mãos erguidas..
Meu verso de Samain cheio de graça,
Inda não és clarão, já és luar
Como branco lilás que se disfarça!
Amor! Teu coração trago no peito...
Pulsa dentro de mim como este mar
Num beijo eterno, assim nunca desfeito!...