Sou plural, coerência e loucura na mesma cura,
cegueira e altura num mesmo par de olhos
que sabe ser a vida incógnita,
quando não tumulto e multidão.
E confuso, vivo sentindo torções na Alma,
ansiedade de parto, angústia da morte e do renascer;
sintomas de quem não sabe cuidar do próprio jardim
e cabe ao tempo cobrar meu florescer.
Tornei-me hábil com as letras,
quando queria era ser honesto ao dizer que
a gente mais ensina aquilo que precisa aprender.
Mas é o silêncio quem (me) diz e eu só digo por não saber,
por querer me distrair e cobrir meus enganos,
os meus vazios todos com palavras.
Queria era ser prático com o coração,
sabendo melhor minhas cirandas e encantos,
milagres, carinhos, paixão ou caminhos que possam
me desnudar no espelho da Alma.
Guilherme Antunes
Guilherme Antunes