UMA ROSA DO MEU JARDIM

“SE AS PESSOAS ACEITASSEM ESTE MOMENTO, QUE É AO MEU VER NATURAL, ESTARÍAMOS MAIS FELIZES CONOSCO E COM O PRÓXIMO. POIS SÓ SEREMOS FELIZES QUANTO SOUBERMOS RESPEITAR OS LIMITES E ESPAÇOS QUE NÓS PRECISAMOS TER, SEM COBRANÇAS, QUE MUITAS VEZES NÃO NOS LEVAM A NADA E NEM NOS TORNAM MELHORES, POIS QUANDO DEIXAMOS DE SER QUEM SOMOS, APENAS PARA AGRADAR AO OUTRO, NOS TORNAMOS INCOMPLETOS E INFELIZES E SE COMEÇARMOS A BUSCAR ISSO NOS OUTROS E AÍ PERDEMOS A NOSSA ESSÊNCIA E A NOSSA LIBERDADE DE SER!

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

PRIMAVERA


Primavera é tempo de ressurreição.
A vida cumpre o ofício de florescer ao seu tempo.
O que hoje está revestido de cores precisou passar pelo silêncio das sombras.
A vida não é por acaso.
Ela é fruto do processo que a encaminha sem pressa e sem atropelos a um destino que não finda,
porque é ciclo que a faz continuar em insondáveis movimentos de vida e morte.
O florido sobre a terra não é acontecimento sem precedências.
Antes da flor, a morte da semente, o suspiro dissonante de quem se desprende do que é para ser
revestido de outras grandezas.
O que hoje vejo e reconheço belo é apenas uma parte do processo.
O que eu não pude ver é o que sustenta a beleza.
A arte de morrer em silêncio é atributo que pertence às sementes.
A dureza do chão não permite que os nossos olhos alcancem o acontecimento.
Antes de ser flor, a primavera é chão escuro de sombras, vida se entregando ao dialético movimento
de uma morte anunciada, cumprida em partes.
A primavera só pode ser o que é porque o outono lhe embalou em seus braços.
Outono é o tempo em que as sementes deitam sobre a terra seus destinos de fecundidade.
É o tempo em que à morte se entregam, esperançosas de ressurreição.
Outono é a maternidade das floradas, dos cantos das cigarras e dos assovios dos ventos.
Outono é a preparação das aquarelas, dos trabalhos silenciosos que não causam alardes, mas que mais
tarde serão fundamentais para o sustento da beleza que há de vir.
São as estações do tempo.
São as estações da vida.
Há em nossos dias uma infinidade de cenas que podemos reconhecer a partir da mística dos outonos
e das primaveras.
Também nós cumprimos em nossa carne humana os mesmos destinos.
Destino de morrer em pequenas partes, mediante sacrifícios que nos faz abraçar o silêncio das sombras...
Destino de florescer costurados em cores, alçados por alegrias que nos caem do céu, quando menos esperadas, anunciando que depois de outonos, a vida sempre nos reserva primaveras...

Floresçamos.
 
 (Padre Fábio de Melo)
 

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